Coisas que não vemos mas sabemos existir. Desejos e histórias que nascem e morrem num piscar de olhos. Palavras de um cérebro que sente e um coração que pensa. Eu nunca vi uma estrela cadente e mesmo assim procuro por ela todas as noites.

terça-feira, 21 de setembro de 2010

A metade da laranja


Quando freqüentamos o Ensino Fundamental, nossas cabecinhas se quebram para entender monstros, como frações. Pois vem desde essa época a dificuldade em dividir as coisas em partes.
Nós humanos, fazemos isso o tempo todo, rotulando pequenos pedaços com destino marcado. Procuramos nossa “metade”. Casamos para celebrar o amor e o fim da procura. Mas será que somos mesmo só meia parte de um todo?
Uma pessoa que é a favor do meio-ambiente, mas não separa seu lixo reciclável em casa, não pode ser “um quarto consciente ambientalmente”. Assim como ninguém fica “um oitavo grávida”. E absolutamente não existe quem fique “um pouco apaixonado(a)”.
Algumas coisas não podem ser fracionadas. Por exemplo, as pessoas. Ou então significaria que alguém “separado” não é mais inteiro. Casamento significa uma união, mas acima de tudo uma instituição romântica, que, quando dividida, muda de nome e de lado: fracionado, chama-se divórcio. E na maioria das vezes, um vilão digno de novela das oito.
Há teorias que dizem que casar faz bem à saúde, e outras, que o divórcio desencadeia doenças crônicas.
Casamento é contagioso: uma vez que você pega, não sai mais ileso. Você assina um termo no altar que implicitamente diz: você agora deve me amar. E as multas de quebra de contrato podem ser altíssimas. O que não fica combinado é que deve permanecer: respeito ao outro, à sua individualidade. Não somos metade de algo, esperando para sermos completados por alguém.
Somos porções inteiras de amor, expectativas, virtudes e defeitos, e que juntos com nosso parceiro podemos escrever ou não uma boa historia. As pessoas não se completam, elas se somam.
Não existe a metade da laranja. Não tem bola de cristal que vai prever se um casamento vai dar certo, também não tem como ler uma folha em branco. A história de qualquer casal é escrita ao mesmo tempo. Todos nós somos laranjas suculentas e redondas, que, em dupla podemos (ou não) dar um belo copo de laranjada. Pra ser degustada a dois.

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