Coisas que não vemos mas sabemos existir. Desejos e histórias que nascem e morrem num piscar de olhos. Palavras de um cérebro que sente e um coração que pensa. Eu nunca vi uma estrela cadente e mesmo assim procuro por ela todas as noites.

quinta-feira, 21 de maio de 2009

Take the time to make some sense
Of what you want to say
And cast your words away upon the waves
And sail them home with acquiesce
On a ship of hope today
And as they land upon the shore
Tell them not to fear no more
Say it loud and sing ir proud today.


sexta-feira, 8 de maio de 2009

Without Glass Slippers




Era uma vez uma menina com sonhos e expectativas. Era uma vez sapatinhos feitos de cristal. Era uma vez um conto de fadas que nunca existiu. Era uma vez.
Realidade, maturidade, responsabilidade. Palavras que ouvi bastante enquanto crescia, de pessoas e da minha própria consciência. Palavras que foram dando novos contornos aos meus castelos, expêriencias que me fizeram vender meu cavalo alado(o nome dele era Trovão), príncipes que foram se transformando em sapos. Deixar os sapatinhos de cristal e as capas de super-heróis não é facil. Mas a gente acaba se despindo, de uma maneira ou de outra.
Entre os capítulos da minha história aprendi que estou sempre mudando, construindo e derrubando partes que não combinam mais comigo.
O nome do blog veio de presente, enquanto eu procurava inspiração. E todo mundo sabe que quanto mais procura menos você acha. Então, enquanto arrumava a bolsa, achei um cartão. Disney- Where glass slippers always fit(Disney- Onde sapatinhos de cristal sempre se encaixam). Lembrei da menina dos contos de fadas e abri meu armário. Meus sapatinhos de cristal não servem mais. Meus sonhos e expectativas também não.
Era uma vez uma mulher com uma idéia e alguma fé nas pessoas. Era uma vez uma mulher descalça. Era uma vez pés que aprendiam a andar sobre os concretos mais grosseiros e sobre os tapetes mais macios. Era uma vez.

O muro

Penso que houve um momento onde algo se rompeu. Como o dia se quebra pra virar noite. Sutil, as cores vão mudando, você vê amarelo, laranja, às vezes rosa. De repente o azul virou negro e você lá, no mesmo lugar. Mas tudo mudou.

Meu nome é Olivia e sou o que chamam de uma pessoa fragmentada. Pelo menos esse foi o diagnóstico da minha terapeuta. Tenho pedaços soltos que não se colam. Como o cristal que não se ajusta depois de quebrado. Pequenos estilhaços que se perdem porque são frágeis demais pra suportar. Nunca me considerei frágil. Talvez porque sempre me considerei inteira.

Numa das noites que seguem um dia difícil, me deparei com minha imagem no espelho. Meus olhos estavam inchados e vermelhos e meu rosto estava ardendo. Precisava de um pouco de água gelada. Já teve a sensação do frio da água em contato com a pele em chamas? Experimente, é reconfortante. Fiquei encarando aquela imagem por algum tempo, uma mulher com os olhos pequenos e vermelhos. Não sei quem ou como começou, só vi que aquela mulher falava comigo.

- Você parece cansada.

- Dia ruim.

- Imaginei. Noite longa?

- Provavelmente, dias ruins sempre são seguidos de noites assim. Acabam num muro intransponível e acabo vencida pelo sono.

- Você sabe o que dizem sobre esses muros.

- Não faço idéia.

- Quando se chega a um muro intransponível não há muito que fazer. É quebrar a cara ou quebrar o muro.

- Uma marreta agora ia ser perfeita.

- Talvez seja o mais óbvio. Não o mais eficiente, no seu caso. Melhor arrumar alguns band-aids e gelo, pode ser que você precise.

Fui dormir convencida de que precisava de uma maleta de primeiros socorros e um capacete. A batalha com o muro estava começando e eu precisava descobrir como chegar do outro lado.