Coisas que não vemos mas sabemos existir. Desejos e histórias que nascem e morrem num piscar de olhos. Palavras de um cérebro que sente e um coração que pensa. Eu nunca vi uma estrela cadente e mesmo assim procuro por ela todas as noites.

quinta-feira, 30 de abril de 2009


A verdadeira viagem de descoberta não consiste em procurar novas paisagens, mas em ter novos olhos.
(Marcel Proust)

quarta-feira, 22 de abril de 2009

The reason why

Muitos me perguntam: o que é isso? Pra que escrever um blog?
Pra mim escrever não só é minha melhor forma de expressão como também é terapêutico. Khalil Gibran definiu o que pra mim parecia insano, essa vontade de pôr em palavras meus dramas e karmas, pensamentos e histórias: "E encontrei liberdade e segurança na minha loucura. A liberdade da solidão e a segurança de não ser compreendido, pois aqueles que nos compreendem nos escravizam de alguma forma". Exatamente assim comigo. Não procuro compreensão aqui. A razão de existir desse blog primeiramente é, somar dividindo. Compartilhar a minha loucura, a minha incompreensão do mundo, bem como o meu êxtase diante dele. Um canal que não tem na tv, uma parte que é desconhecida. Para o mundo e por vezes até pra mim.
Escrevo o que mexe comigo, o que me toca. E o que me fere também. Ficção, realidade, drama e filosofias. Criei esse blog pra ser meu lugar especial, meu esconderijo quando o mundo parece não fazer sentido. Se ele faz sentido ou não, não me importa. Afinal, as coisas que mais mexem com a gente são as mesmas que não fazem sentido algum a primeira vista.

quinta-feira, 16 de abril de 2009


"Feliz é o destino da inocente vestal; esquecendo o mundo e sendo por ele esquecida. Brilho eterno de uma mente sem lembranças; Toda prece é ouvida, toda graça se alcança."

Alexander Pope

terça-feira, 14 de abril de 2009

Apesar de.

'Porque você não pode voltar atrás no que vê. Você pode se recusar a ver, o tempo que quiser: até o fim de sua maldita vida, você pode recusar, sem necessidade de rever seus mitos ou movimentar-se de seu lugarzinho confortável. Mas a partir do momento em que você vê, mesmo involuntariamente, você está perdido: as coisas não voltarão a ser mais as mesmas e você próprio já não será o mesmo. '

'Eles', O ovo apunhalado
Caio Fernando Abreu.


Começo meu texto com essa frase. Por quê? Porque ela diz muito do que acontece com a gente, o tempo todo. Ou porque, como diria um amigo meu, ela estava la, simples assim.
A gente fecha os olhos tantas vezes ao longo da vida e nem percebemos. Quando estamos cansados, fechamos os olhos para mergulhar na escuridão e buscar paz. Quando estamos com medo, fechamos os olhos para não ver o que está pra acontecer. Quando estamos com muito medo, fechamos os olhos do coração, pra não sentir. Escrevendo um email eu me dei conta o quanto a gente se engana, o quanto a gente tenta cegar aquele ponto da alma que dói.
Por que voce sente falta de alguém? Por que você chora de saudade? Podem existir muitas explicações, todas querem dizer o mesmo: porque queremos um momento que não volta, queremos roubar o passado, a lembrança. Reviver o que nos foi tirado pelo tempo. O que não nos damos conta é que, além do passado não ter volta (por isso se chama passado) ele nunca será o mesmo. Tudo que nos acontece nos modifica. E mesmo que você não perceba, mesmo que você ache que ainda ama aquela pessoa loucamente, mesmo que você pense que já cicatrizou a ferida, mesmo que você tenha certeza que é o mesmo cidadão ou cidadã que era há 5 anos, voce erra. Você não é mais. Isso pode ser bom ou pode ser ruim, quem vai saber é só você.
Eu sou uma pessoa extremamente melancólica. Eu sou do tipo que chora quando vê uma foto. Do tipo que fecha os olhos desejando abrir e estar em outro lugar. Do tipo que quer abraçar todos os amigos e amigas, ao mesmo tempo. Do meu tipo. Fechei meus olhos inúmeras vezes porque não queria ver, porque queria adiar, porque não estava pronta pra ver. E descobri que a gente nem sempre escolhe. Ver não é olhar; é sentir, é ouvir, é a lâmpada que acende na sua cabeça. Às vezes você olha pra uma situação ou uma pessoa por muito tempo e não a vê. De repente, um elemento que sempre é desconhecido na maioria das vezes te faz enxergar, seja com os olhos, os ouvidos, com o coração.
O tempo nem sempre (melhor dizer quase nunca) estará do nosso lado. Ele carrega nossa memória, carrega as pessoas que amamos para caminhos diferentes, carrega nossa inocência em acreditar que vale a pena. Porém como tudo tem dois lados, o tempo também traz coisas pra perto. Por vezes boas, por vezes ruins. Não sei se é algo relativo, essa coisa do tempo. Pode fazer 5 meses que não vejo uma amiga mas eu sinto ela pertinho de mim, mesmo estando em outro continente. Às vezes a gente vê uma pessoa todos os dias e não sente a presença dela.
Tudo aquilo que vimos nos transformou em quem somos hoje. Cabe a você fazer disso um aliado ou um inimigo. Eu prefiro o aliado. Nem tudo que vi, ouvi e senti foi bonito. Ironicamente são as coisas ruins que fazem eco na minha cabeça todo o tempo e me fazem querer me enterrar na minha cama e não voltar. Ironicamente também são as coisas boas que me fazem voltar mais forte, e melhor. É o apesar de.
Apesar de cair, eu sei levantar. Apesar de me machucar, eu sei que existe recomeço. Apesar de estar cansada, eu tenho motivos pra me renovar.
É o que vai definir o tipo de vida que voce levará. Você tanto pode ser feliz, apesar de ter tristezas enterradas em você. Ou pode ser infeliz, apesar de ter momentos alegres. A escolha é sempre nossa, apesar de acharmos que não é.