Coisas que não vemos mas sabemos existir. Desejos e histórias que nascem e morrem num piscar de olhos. Palavras de um cérebro que sente e um coração que pensa. Eu nunca vi uma estrela cadente e mesmo assim procuro por ela todas as noites.

quinta-feira, 23 de setembro de 2010

Para Olívia,

Paris, 25 de setembro de 2004

Sabe o que eu estava pensando esses dias? Que talvez, só talvez mesmo, no fundo, queremos que todos nos entendam! Imagine o mundo tendo empatia por você! Eu ja imaginei, é até difícil, mas fiz um quadro bem bonito em minha mente. As coisas seriam mais fáceis, afinal todos iriam te entender: Um mundo sem problemas. Pois talvez esteja aí o inicio de todas as crises que temos: para outros, não são um problema, porque ninguém te entende.
Pois bem, nesse tal mundo "empático", esses problemas já não existiriam. Imagine:

- Querido, desculpa, te trai!
- Ah, jura?
- Juro! Eu estava me sentindo sozinha, foi um impulso!
- Tudo bem, eu te entendo!



Agora te pergunto, deveria soar patético?

Outro ponto a ser questionado: quão profundo é o seu conhecimento de você mesmo? Porque procuramos ajuda em outros: amigos, pais, psicanalistas? Será que o fato de alguém não nos compreender é tão grave? O pesar pela não compreensão de um amigo frente a seus problemas pesaria tanto quanto o pesar da não compreensão do seu namorado?

A resposta é obvia : NÃO!!! Porque? Expectativas.
A compreensão daquele que amamos, que queremos dividir tudo, sempre parecerá a mais necessária.

Creio que nem todos são como nós!! Acredito sim que todo mundo de certa forma busca encontrar aquele amor, viver o amor, acreditar sem medo no "felizes para sempre!"

Quando crianças vimos em contos os felizes para sempre acontecer ao lado do príncipe encantado. Quem é esse ser?
O príncipe Felipe (eu adoro o principe Felipe, é o moço da cinderela). É o cumulo da perfeição, não tem nem muito o que falar. Devoção à felicidade de sua amada: 100%.

A Fera, adoro a Fera! O príncipe salvo pelo amor!!! A pureza !!!

Até me cansa de pensar.

Voltando e deixando a Disney um pouco de lado:

Há quem não se preocupa com o amor ideal. Há quem ache suficiente ter alguém ao seu lado para testemunhar a vida, para dizer que amamos. Alguém para idealizar, para não ficar só. Confesso que ás vezes penso se essas pessoas não seriam as mais felizes.

Mas.... nós não!!! Nós não queremos o sufiente para nos sentir confortáveis!! Nós queremos o limite da paixão, queremos o amor ideal, queremos ser amados como acreditamos! Ja imaginou amar uma pessoa e nunca chorar por esse amor? Eu não!! Sério, não mesmo.

Ja me perguntei várias vezes se um dia não iremos mais questionar, se um dia olharemos no espelho e falaremos, "É isso, sou 100% feliz!"

Viveremos o nosso amor idealizado? Mas como alcançá-lo se ele mesmo, por si só, é efêmero?

Por que na listas de tarefas dessa vida até o feliz para sempre acontecer temos o principe em primeiro lugar?

Ja pensei muito sobre isso, pensei e digo que devemos trabalhar o nosso eu! Que temos que estar em paz com nós mesmos, que a vida e nossa felicidade não está na posse de um outro alguém. Falo isso pq acho uma sacanagem a nossa dignissima paz e felicidade depender do grau de amor e compreensão de uma outra pessoa!! Mas as coisas não são assim.


E quer saber: qual o problema em querer ser feliz com um amor por completo? Não vejo mal nisso, mesmo pq quem vai sofrer no caminho somos nós mesmos.

Outro ponto: o amor ideal!

O nome ja diz tudo. Seria o nosso ideal utópico??? Grandes chances, minha querida.

Olívia,queria neste momento te dar a receita para suas aflições. Curar suas angustias. Mas não há cura! Acredito que nem eu, nem ninguem possa te oferecer isso!

Posso no maximo tentar, simploriamente, amenizar seus sentimentos barrocos que tomam conta desse seu corpo e mente.

Você o ama!!! Você o quer!!! Não há mal nisso!!! Tá bom??

Você o quer só para você. Eu sei, mas vamos lá: você não pode ter!!! Sempre terá os amigos, o trabalho, a familia, o cachorro, o video game...

Amanhã pode ser só o trabalho, depois só a família.... mas nunca será só você.

E nem deve. Não agora!

Você é dele, eu digo, unicamente dele? Não! Você tem o que muitos buscam na vida: a certeza de amar alguém.
Amar tão profundamente que temos medo de perder. Que vemos todos os obstáculos reais e irreais. Talvez é uma forma de proteção, porque caso acabe, temos desculpas para o fracasso!

Não há fracassos. Há erros que podemos cometer, mas não faça tudo ser mais dificíl do que ja é. Não é facil estar apaixonada, junto vem o medo de ter sido em vão, de ter sido uma ilusão.

Não faça de um acontecimento corriqueiro, de um pequeno deslize, uma carta do destino, um sinal do apocalipse!

Não transforme o que você está vivendo agora em um pesadelo, pelo simples medo de tudo não ser como o sonhado por sua pessoa.

Ele nunca vai te entender por completo, você nunca o entenderá por completo.

Você viveu um amor ideal por um tempo. Vocês lutaram contra as barreiras. No começo é assim não é? Tem que ser! Nunca mais terá o que teve no começo? Não digo isso.
Você me disse que:

"Voce, mais do que qualquer um sabe o quanto dói abrir mão de alguém que é nosso sonho e nosso pesadelo."

É eu sei. Quando eu conheci o Luca, ja o idealizei. Me apaixonei. Não importa as diferenças que existem no meu caso para o seu caso! O fato é que eu sabia que o amava!! Eu queria ele só para mim, e no meu mundo, eu o tive. Eu me senti amado. Mais do que amar alguem, se sentir amado é algo, não acha?

Percebi que ele não era so meu! E nao digo so pelas mulheres que ele teve. Questionei ele, o mundo, eu mesmo. Não era mais como era no começo, mas acontecia de novo e eu sentia como antes. Por cinco anos percebi que a intensidade não é constante, que as coisas não são como a gente quer. Ele não entendia o porque de depois de um tempo, as eventuais namoradas me incomodavam, o porque eu entrava em crise. Isso doía. Mas eu o amava e disso eu sabia e ele também. No final das contas, não era pelo fato das coisas não estarem como deviam estar, era pelo medo de perder aquela pessoa que me fez sentir amado, aquele que me olha, que diz "eu te amo" e eu acredito, mesmo que ás vezes não compreendenda.

Questione sempre uma coisa Olívia: Você o ama? Sente que ele te ama?

Você sabe o porque eu nao estou mais com o Luca? Porque eu sei, que cedo ou tarde, vai acabar. Perdi a pureza de acreditar, de sonhar com o feliz para sempre com ele!!

Você não.E se tudo der certo no final, nunca teremos um fim, entende? O sofrimento faz de certa forma parecer verdadeiro.

Mais do que nunca, agora seu amor esta em uma fase em que o relacionamento em si não é a única prioridade dele. Ele está construindo a vida dele.

Não o prive de errar por si próprio, não carregue em suas costas o peso das escolhas dele!

Ame-o, respeite o espaço dele, se é disso que ele precisa agora. Não chegamos a alguém com um manual.

Se sinta amada, busque isso. O que você sente quando esta com ele? Vivendo!

Sonhe com finais de semana ideais, mas não faça de seu sonho um empecilho para ver o que há de bom na realidade.

Cada vez mais tenho certeza de que não existe um amor pronto. Existe uma pessoa que amamos e é sempre difícil falar o porque. O amor em si, vai sendo construído e fazemos de cada passo, certo ou errado, justificativas para este amor que antes não conseguimos explicar. Não deixe seu sonho virar seu pesadelo, não cometa o mesmo erro que eu. Não viva na saudade desse seu amor e nem na utopia dele mesmo.

Viva, do jeito que é agora!

No meio de tudo isso, saiba sempre que eu estou aqui! Em Paris as noites são sempre um convite ao inesperado, neste momento eu aceito somente uma leve brisa tocar meu rosto.
Fique bem, feliz.

PS: Só para constar, eu ja tive meu principe, mas sei, que terei outro!!! Ou outros! Hahahaha

Bisou bisou

Guilherme

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* Texto escrito pelo Pedro, meu amigo, minha pessoa, do blog Holscher-Beguelli. Eu só dei uma editada e achei muito bom e bem a cara dos meus textos.

terça-feira, 21 de setembro de 2010

A metade da laranja


Quando freqüentamos o Ensino Fundamental, nossas cabecinhas se quebram para entender monstros, como frações. Pois vem desde essa época a dificuldade em dividir as coisas em partes.
Nós humanos, fazemos isso o tempo todo, rotulando pequenos pedaços com destino marcado. Procuramos nossa “metade”. Casamos para celebrar o amor e o fim da procura. Mas será que somos mesmo só meia parte de um todo?
Uma pessoa que é a favor do meio-ambiente, mas não separa seu lixo reciclável em casa, não pode ser “um quarto consciente ambientalmente”. Assim como ninguém fica “um oitavo grávida”. E absolutamente não existe quem fique “um pouco apaixonado(a)”.
Algumas coisas não podem ser fracionadas. Por exemplo, as pessoas. Ou então significaria que alguém “separado” não é mais inteiro. Casamento significa uma união, mas acima de tudo uma instituição romântica, que, quando dividida, muda de nome e de lado: fracionado, chama-se divórcio. E na maioria das vezes, um vilão digno de novela das oito.
Há teorias que dizem que casar faz bem à saúde, e outras, que o divórcio desencadeia doenças crônicas.
Casamento é contagioso: uma vez que você pega, não sai mais ileso. Você assina um termo no altar que implicitamente diz: você agora deve me amar. E as multas de quebra de contrato podem ser altíssimas. O que não fica combinado é que deve permanecer: respeito ao outro, à sua individualidade. Não somos metade de algo, esperando para sermos completados por alguém.
Somos porções inteiras de amor, expectativas, virtudes e defeitos, e que juntos com nosso parceiro podemos escrever ou não uma boa historia. As pessoas não se completam, elas se somam.
Não existe a metade da laranja. Não tem bola de cristal que vai prever se um casamento vai dar certo, também não tem como ler uma folha em branco. A história de qualquer casal é escrita ao mesmo tempo. Todos nós somos laranjas suculentas e redondas, que, em dupla podemos (ou não) dar um belo copo de laranjada. Pra ser degustada a dois.

quinta-feira, 9 de setembro de 2010

O que eu também não entendo

Foi aí que ela disse: Sabe o que é? São os olhos. As vezes os olhos dele me doem muito. Como um cachorrinho atropelado na estrada: foi inexperiência dele, não tem o que fazer. Mas te dói mesmo assim.
Acho que é porque sei que no fundo, compartilhamos a mesma solidão. Tem coisa mais doída pra dividir? Ela me disse tudo isso com olhos molhados, de quem se abraça sempre por dentro, pra se confortar.
Eu não sei a resposta das coisas, cada vez mais eu penso que sou mais uma mente perigosa que fica à solta, destilando sentimentos em palavras.
Escrevo pra chorar aquilo que não digo pra mim mesmo. Mas já está escrito em mim.
Ela me disse tudo isso e chovia muito, e agosto nunca chove. Os tempos mudaram, mas eu nasci velha.
E eu te pergunto, se eu insistir, melhora? Acredito que sim. Tenho que.
Eu vim até aqui só pra dizer, depois de tudo o que ela me falou. Pra dizer que me dói também os seus olhos. Seus olhos que desviam dos meus quando tento te desvendar. Eu precisei tanto de você, quis tanto. Mas só não entendo por que é que foi descobrir o melhor de mim se não queria o resto. O resto sou eu também. Sou eu fora do contexto de perfeição que você me colocou.
Antes de você, eu quebrava tudo que nascia de bonito. Agora meu jardim tá todo lindo e você me diz que não quer mais saber das flores.
Enquanto você escapa com escolhas que não são suas, eu vou mergulhar nos olhos que me doem. Um dia te explico o porquê.