São Paulo, 16 de março de 2003.
E mesmo depois que você se foi, ainda que tivesse demorado tanto, desocupou meu coração. Fiz vigília por tanto tempo, esperando que você se fosse...um dia não estava mais lá. Simples. Silencioso. Como quando partiu naquele dia amargo.
Deixou no vazio do quarto escuro somente uma caixa preta, a porta trancada do lado de fora.
Depois que você se foi havia uma caixa, que nunca abri.
Um dia, como se vivesse, ela se abriu. Sozinha.
Saíram palavras que se arrastavam pelas paredes, formando perguntas tortas, algumas saladas de letras. Coisas que nunca vou saber. Será que chegou a acreditar na nossa eternidade? Houveram noites depois do fim em que se pegou pensando no cheiro dos meus cabelos? No som da minha risada escandalosa? Qual a importância eu causei da tua estrada?
As palavras foram se espremendo na parede que não era mais vazia, formando perguntas órfãs sem espaço para respostas.
Quantas cores tinham meus olhos?
Tranquei a porta e não preciso mais vigiá-la. Deixo a chave debaixo do tapete no caso de você resolver voltar. Talvez possa pintar as paredes de branco.
Coisas que não vemos mas sabemos existir. Desejos e histórias que nascem e morrem num piscar de olhos. Palavras de um cérebro que sente e um coração que pensa. Eu nunca vi uma estrela cadente e mesmo assim procuro por ela todas as noites.
terça-feira, 25 de junho de 2013
sábado, 15 de junho de 2013
O curioso caso da pilha AAA
Sabe quando alguém te diz: sempre há uma solução para tudo
na vida? Pois é, sempre achei isso uma baboseira sem tamanho. Quer dizer, quem
nunca esteve em uma posição sem saída que realmente era sem saída?
Ok, “a vida ensina”, “tudo tem sua hora”, “o impossível é
questão de prefixo”. Quantos clichês fazem seu dia?
Pois é, estava eu em uma noite agradável com: vinho, 5a
temporada de Friends, sexta-feira inteirinha pra mim. Poderia ser mais uma noite tranquila no
Reino Encantado (minhas amigas entenderão), só que não. Eis que eu resolvi,
depois de um pouco mais de meia garrafa de Cabernet Sauvignon, procurar uma
pilha. Pois é, uma pilha. Eu queria ver meu amado DVD “Where the Light is” do
John Mayer. Veja bem o nome do DVD que eu encarnei.
Voltando à pilha. Pois é, eu precisava de duas pilhas AAA.
Eu tinha uma só (obrigado moço da NET que levou meus dois controles e minhas 4
pilhas junto com eles). Eu amo o John mas, convenhamos, não amo todas as faixas do DVD.
Daí eu queria mudar para as minhas favoritas né. E não podia porque o único controle com pilha palito era
do bendito DVD. Fui à caça do objeto que atenderia meu desejo.
Depois de achar um caderno antigo com anotações do intercâmbio de 2003, meu cachorro de pelúcia Liam Jackson sumido há uma
década– uma homenagem singela a dois ídolos da adolescência, Liam Gallagher e
Joshua Jackson –, minha lembrança da 1a eucaristia, minha bola 8 mágica, meu
dálmata da Disney (sem o nariz porque a Suri comeu parte dele), enfim: não
tinha pilha.
Então eu, entorpecida pelo Gato Negro e completamente certa
de que não existia uma pilha palito na minha casa, estava simplesmente fazendo
um “cata” como diz minha mãe. Jogando fora o lixo guardado em gaveta, queimando
foto de quem não tem mais espaço no meu faqueiro (um dia conto essa história),
ouvindo as músicas do John que eu nem gosto muito mas, vamos lá, sempre é legal.
Eis que eu tinha desencanado. Porque as vezes, a gente desiste um pouco mesmo.
Ou quer muito desistir, mesmo não acreditando que termine daquele jeito.
Daí eu vi uma chave bizarra junto com um daqueles anéis neon que você ganha em formatura. Pensei: lixo. E o que tinha dentro desse pequeno pote meus
amigos? UMA PILHA PALITO. Não, eu não inventei essa história. Por mais que eu
adore finais felizes, confesso que ultimamente tenho desacreditado um pouco dos
clichês. E não é que os danados me perseguem?
Pois eu, completamente incrédula, coloquei a pilha no
controle e ele funcionou. E eu dei uma gargalhada gostosa, saí rodopiando pela
sala, voltando a acreditar no mistério da vida. E se você do outro lado está
pensando “que idiota ficar feliz por uma pilha”, acredite: o dia em que você
precisar muito de uma coisa tão trivial e misteriosamente essa coisa aparecer,
volta aqui e lê esse texto de novo.
MORAL DA HISTÓRIA: não pare de procurar, ser curioso é bom,
jogue fora o que não faz sentido na vida, descubra velhas coisas que despertem
novos sentimentos. E sempre compre pilhas extras porque, vai que.
quarta-feira, 22 de maio de 2013
Pílulas Escritas
“Que acabe o que precisa acabar.
Que morra o que precisa morrer.
Que continue o que merece continuar.
Que viva o que insiste em viver.
Amém.”
Que morra o que precisa morrer.
Que continue o que merece continuar.
Que viva o que insiste em viver.
Amém.”
— | Talita Prates |
Assim como as estações, as mudanças são inevitáveis.
Até encontrar o sentido é preciso trilhar, independente do resultado.
O blog muda de nome, mas não muda o conteúdo.
Se uma cadeira deixa de se chamar cadeira, ela deixa de ser uma cadeira?
Se você não vê fisicamente uma coisa mas acredita, ela deixa de existir?
Assim como as estrelas cadentes, esse blog pra mim é uma possibilidade. De desejos, sonhos e idéias que insistem em sapatear na minha cabeça.
Por essas e outras, o espetáculo da vida continua....
;)
Até encontrar o sentido é preciso trilhar, independente do resultado.
O blog muda de nome, mas não muda o conteúdo.
Se uma cadeira deixa de se chamar cadeira, ela deixa de ser uma cadeira?
Se você não vê fisicamente uma coisa mas acredita, ela deixa de existir?
Assim como as estrelas cadentes, esse blog pra mim é uma possibilidade. De desejos, sonhos e idéias que insistem em sapatear na minha cabeça.
Por essas e outras, o espetáculo da vida continua....
;)
sábado, 11 de maio de 2013
Cartas de gaveta - Volume 1
Meu quarto, 04 de Julho de 1995
Lembra o que eu te disse sobre idealizações, orgulho e coisas que
só existem na nossa cabeça?
Então, quero te contar uma história. É sobre duas pessoas que
são incrivelmente parecidas em quase todos os aspectos. É sobre dois amigos que
vivem no cabo de guerra, se alfinetando, se provocando e ao mesmo tempo se
incentivando, compartilhando. Uma história sobre duas pessoas que lutam para
não acreditarem que no fundo existe um desejo, uma curiosidade, uma vontade de
cruzar a linha e vencer o cabo de guerra: os dois vencem. Essa história é sobre
eu e você.
Seguimos caminhos separados e paralelos. Idealizamos as pessoas
que no fundo, sabemos que não são pra gente. E talvez tenhamos medo do que a
gente mais quer na vida. Somos orgulhosos porém acreditamos no amor. Na
entrega, no companheirismo, na amizade, no desejo, no tesão. Temos sintonia,
nos entendemos no olhar e somos mal-humorados. E adequadamente maldosos com os
outros (já te falei para parar de me olhar daquele jeito).
O problema dos cabos de guerra é que alguém precisa ceder e ”perder”.
E eu sinto que cheguei num ponto em que não quero ganhar de você, mas quero
ganhar você, de presente, pra mim. Inteiro.
Creio que existem duas vontades, mas preciso que você dê esse
passo e me diga que não estou louca. E aí eu largo o meu lado do cabo e corro para
o abraço (o seu).
Isso tudo faz sentido ou fiquei louca de vez?
Se estiver errada, significa que queremos coisas diferentes. Não
só da vida, mas um do outro. E eu prefiro deixar a guerra inteira a competir
por uma metade amputada. Eu sempre vou amar você. Foi importante pra mim,
chegou em hora importante e por um tempo saiu da minha vida mas nunca do meu
coração. E quando você voltou, tinha um lugar muito mais bonito que é só seu.
Independente do que acontecer, carinho assim não acaba de uma hora pra outra.
Fica a lembrança, o sorriso largo no rosto quando lembrar de você. E sigo em
frente, feliz por não ter sido covarde com o que pulsa aqui dentro. Porque
sempre haverão outras pessoas, outros amores e outras possibilidades e sei que
seremos felizes apesar de nós. Mas eu espero que a gente seja feliz por causa
de nós.
Te pergunto: Fica comigo?
PS: Você pensa demais.
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