Coisas que não vemos mas sabemos existir. Desejos e histórias que nascem e morrem num piscar de olhos. Palavras de um cérebro que sente e um coração que pensa. Eu nunca vi uma estrela cadente e mesmo assim procuro por ela todas as noites.

quinta-feira, 9 de setembro de 2010

O que eu também não entendo

Foi aí que ela disse: Sabe o que é? São os olhos. As vezes os olhos dele me doem muito. Como um cachorrinho atropelado na estrada: foi inexperiência dele, não tem o que fazer. Mas te dói mesmo assim.
Acho que é porque sei que no fundo, compartilhamos a mesma solidão. Tem coisa mais doída pra dividir? Ela me disse tudo isso com olhos molhados, de quem se abraça sempre por dentro, pra se confortar.
Eu não sei a resposta das coisas, cada vez mais eu penso que sou mais uma mente perigosa que fica à solta, destilando sentimentos em palavras.
Escrevo pra chorar aquilo que não digo pra mim mesmo. Mas já está escrito em mim.
Ela me disse tudo isso e chovia muito, e agosto nunca chove. Os tempos mudaram, mas eu nasci velha.
E eu te pergunto, se eu insistir, melhora? Acredito que sim. Tenho que.
Eu vim até aqui só pra dizer, depois de tudo o que ela me falou. Pra dizer que me dói também os seus olhos. Seus olhos que desviam dos meus quando tento te desvendar. Eu precisei tanto de você, quis tanto. Mas só não entendo por que é que foi descobrir o melhor de mim se não queria o resto. O resto sou eu também. Sou eu fora do contexto de perfeição que você me colocou.
Antes de você, eu quebrava tudo que nascia de bonito. Agora meu jardim tá todo lindo e você me diz que não quer mais saber das flores.
Enquanto você escapa com escolhas que não são suas, eu vou mergulhar nos olhos que me doem. Um dia te explico o porquê.

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