Coisas que não vemos mas sabemos existir. Desejos e histórias que nascem e morrem num piscar de olhos. Palavras de um cérebro que sente e um coração que pensa. Eu nunca vi uma estrela cadente e mesmo assim procuro por ela todas as noites.

segunda-feira, 13 de julho de 2009

Aquela história

Para ouvir ao som de “Outra vez” do Roberto Carlos


Era só uma menina. Ele, só um menino. Dizem por aí que o que atrai duas pessoas são seus gostos ou seus desejos. Dizem também que o elo mais forte são os que são feitos através das nossas feridas. Compartilhar sorriso é sempre muito fácil. Dividir aquilo que dói é muito caro.

A velha história: ela era aquela menina vestida com seus costumeiros jeans e bata (“A Mariana é tão básica né?” diria sua prima) enquanto ele era aquele menino com cara de sono que queria ser mais responsável. E foi um dia assim, numa sala de aula verde e oval que eles se viram pela primeira vez. E no mesmo dia assim quando se viram pela segunda vez, numa outra sala, esta branca e quadrada, um sorriso. Ela tinha nas mãos uma caneta Bic e um coração em pedaços. E ele tinha um tubo de cola e um pedaço de coração vazio.

Por seis meses ela iria se arrumar todos os dias de manhã, com perfume e corretivo, pra atrair a atenção dele. Durante seis meses ele ia dar a ela exatamente o que ela precisava. Mas não o que ela queria.

A cada intervalo de aula, ela se calava. E se tornariam amigos por imposição das amigas dela, não do destino dos dois (“Ai Mariana você é tão boba! Vamos lá falar com ele.”).

Tic-tac, Tum-tum. É o coração dela ou o tempo fugindo pelas mãos?

Percebeu que não haveria mais volta no dia que se deu conta que estava perdida. Perdidamente apaixonada.

O primeiro beijo aconteceu de uma forma natural e ao mesmo tempo ensaiada. Aquela cena tinha muitos beijos mas sempre os mesmos atores. E foi então que ela teve medo. A fórmula paixão e realidade era muito perigosa e um novo fato, antes invisível a eles, se tornava real também. Ela, uma menina de jeans e bata, namorada do cara superbacana, apaixonada por um menino com cara de sono que namorava uma menina de covinhas.Talvez não houvesse mais os olhos multicoloridos, o sorriso que aquecia seus sonhos. E por ter medo, mascarou seu amor e escolheu agir de acordo com o que pensava e não com o que sentia. A mentira agora era pior. Ela cometia a traição mais dificil de ser perdoada: traía a si mesma.

O amor proibido foi interrompido. Ele mudou de cidade, mudou de amigos. Ela continuou apaixonada. Tic-tac, Tum-tum. O coração da menina de jeans e bata segue os passos do tempo. E carrega aquele amor, aquela chama. Tiveram muitos encontros e desencontros durante os anos que seguiram. Tiveram sorrisos e muitas lágrimas, sempre dela. Em cada encontro ela permaneceria encantada pela magia que nunca entendeu, de um simples menino com cara de sono e olhos multicoloridos. O único que entendia o coração dela, o único que nunca explicou suas razões.

E tanto tempo depois daquele dia, depois de terem trocado de namorados, de maneiras e até de casa, ainda existe esse elo que ela não entende e que ele não compreende. Ela se despiu das máscaras e vestiu a própria roupa. Ele se tornou responsável e se apaixonou de novo. Ela ainda pensava nele, ele talvez pensasse nela de vez em quando. A vida seguia seu rumo, infestada de lembranças que queimavam em um quarto escuro e sem forma que eles trancaram com chaves trocadas. Uma porta que só se abre em sonhos multicoloridos onde uma menina de jeans e bata dança com um menino de sorriso doce que permanece com cara de sono.

3 comentários:

  1. Gata vc é uma geninha dentro da lampada magica...
    Sou puro orgulho!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!

    ResponderExcluir
  2. adorei parece.. sucesso gata!
    e fala pra essa menina que homii com sono da uma preguiça só!!

    ResponderExcluir
  3. Os opostos se distraem. Os dispostos se atraem. Fernando Anitelli

    ResponderExcluir