Para ouvir ao som de “Outra vez” do Roberto Carlos
Era só uma menina. Ele, só um menino. Dizem por aí que o que atrai duas pessoas são seus gostos ou seus desejos. Dizem também que o elo mais forte são os que são feitos através das nossas feridas. Compartilhar sorriso é sempre muito fácil. Dividir aquilo que dói é muito caro.
A velha história: ela era aquela menina vestida com seus costumeiros jeans e bata (“A Mariana é tão básica né?” diria sua prima) enquanto ele era aquele menino com cara de sono que queria ser mais responsável. E foi um dia assim, numa sala de aula verde e oval que eles se viram pela primeira vez. E no mesmo dia assim quando se viram pela segunda vez, numa outra sala, esta branca e quadrada, um sorriso. Ela tinha nas mãos uma caneta Bic e um coração em pedaços. E ele tinha um tubo de cola e um pedaço de coração vazio.
Por seis meses ela iria se arrumar todos os dias de manhã, com perfume e corretivo, pra atrair a atenção dele. Durante seis meses ele ia dar a ela exatamente o que ela precisava. Mas não o que ela queria.
A cada intervalo de aula, ela se calava. E se tornariam amigos por imposição das amigas dela, não do destino dos dois (“Ai Mariana você é tão boba! Vamos lá falar com ele.”).
Tic-tac, Tum-tum. É o coração dela ou o tempo fugindo pelas mãos?
Percebeu que não haveria mais volta no dia que se deu conta que estava perdida. Perdidamente apaixonada.
O primeiro beijo aconteceu de uma forma natural e ao mesmo tempo ensaiada. Aquela cena tinha muitos beijos mas sempre os mesmos atores. E foi então que ela teve medo. A fórmula paixão e realidade era muito perigosa e um novo fato, antes invisível a eles, se tornava real também. Ela, uma menina de jeans e bata, namorada do cara superbacana, apaixonada por um menino com cara de sono que namorava uma menina de covinhas.Talvez não houvesse mais os olhos multicoloridos, o sorriso que aquecia seus sonhos. E por ter medo, mascarou seu amor e escolheu agir de acordo com o que pensava e não com o que sentia. A mentira agora era pior. Ela cometia a traição mais dificil de ser perdoada: traía a si mesma.
O amor proibido foi interrompido. Ele mudou de cidade, mudou de amigos. Ela continuou apaixonada. Tic-tac, Tum-tum. O coração da menina de jeans e bata segue os passos do tempo. E carrega aquele amor, aquela chama. Tiveram muitos encontros e desencontros durante os anos que seguiram. Tiveram sorrisos e muitas lágrimas, sempre dela. Em cada encontro ela permaneceria encantada pela magia que nunca entendeu, de um simples menino com cara de sono e olhos multicoloridos. O único que entendia o coração dela, o único que nunca explicou suas razões.
E tanto tempo depois daquele dia, depois de terem trocado de namorados, de maneiras e até de casa, ainda existe esse elo que ela não entende e que ele não compreende. Ela se despiu das máscaras e vestiu a própria roupa. Ele se tornou responsável e se apaixonou de novo. Ela ainda pensava nele, ele talvez pensasse nela de vez em quando. A vida seguia seu rumo, infestada de lembranças que queimavam em um quarto escuro e sem forma que eles trancaram com chaves trocadas. Uma porta que só se abre em sonhos multicoloridos onde uma menina de jeans e bata dança com um menino de sorriso doce que permanece com cara de sono.
Gata vc é uma geninha dentro da lampada magica...
ResponderExcluirSou puro orgulho!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!
adorei parece.. sucesso gata!
ResponderExcluire fala pra essa menina que homii com sono da uma preguiça só!!
Os opostos se distraem. Os dispostos se atraem. Fernando Anitelli
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